segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sobre os Povos Nativos da Região da Bacia do Piranhas-Açu: Os Tarairiu

Denominados sob o atributo genérico atribuído pelos povos Tupi como Tapuias, considerados inimigos dos Tupi, os povos que viveram na região às margens dos afluentes do Rio Piranhas-Açu eram da família linguística de matiz (STEWARD, 1946, p. 381). De acordo com Fátima Martins Lopes, o povo que habitava a região sertaneja do Seridó, às margens dos rios Jaguaribe, Apodi, Piranhas, Açu, Sabugi e Seridó, era formado pelos Tarairiú (LOPES, 2003, p. 137, apud Juciene Ricarte APOLINÁRIO, 2009, p. 3). “É praticamente impossível construir uma reconstituição etnográfica, precisa, das várias etnias Tarairiú citadas nas fontes históricas e bibliográficas, no entanto, até o momento, podem ser classificados como: Janduí, Ariú, Pega, Kanidé, Genipapo, Paiacu, Panati, Korema, Xukuru, Kavalcante e outros que por não aparecerem identificados na documentação colonial são denominados genericamente de Tapuia (LOPES, 2003:138)”, assegura Juciene Ricarte Apolinário (APOLINÁRIO, 2009, p. 3).
                Os Tarairiú eram nômades e o sistema de parentesco se caracterizava por constituir uma descendência matrilinear (cf. APOLINÁRIO, op. Cit., p. 4.) Segundo Juciene R. Apolinário,  “as terras indígenas passaram a ser, continuamente, açambarcadas e as relações entre os povos Tapuia e colonizadores tornaram-se ainda mais conflituosas, desencadeando práticas contínuas de resistências indígenas que ficou conhecida como “Guerra dos Bárbaros”. Conflito que se deu por quase cem anos entre os séculos XVII até a segunda metade do século XVIII, alcançando desde os sertões da Bahia até o Maranhão (PIRES, 2002:33)” (APOLINÁRIO, 2009, p. 5). Ainda de acordo com Juciene, “a principal orientação política perceptível nas variadas fontes manuscritas entre os séculos XVII e XVIII, levada a termo pelos agentes coloniais, era o extermínio dos Tapuia vistos como obstáculos a concretização do projeto colonial de El Rei e deseus vassalos, estes últimos, os empreendedores das fronteiras criatórias do sertão (PUNTONI,2002:17)” (ibidem). “Estes Tapuyos a que chamam Jandoins...” (carta de José Lopes Ulhoa ao rei de Portugal) foram os que desenvolveram alianças com os holandeses e se utilizaram de armas e cavalos além de estratégias de ataque conseguidas e aprendidas com os holandeses segundo Juciene (cf. ibidem, p. 6). “Uma das estratégias de lidar com a guerra contra os inimigos era não se deixar aprisionar através de táticas de fugas em que se utilizava, sobremaneira, a velocidade com bastante destreza em espaços naturais inóspitos como regiões de Caatinga. Diante de todas as estratégias de luta contra os inimigos portugueses, os Jaduí foram derrotados na ribeira do Seridó, pela bandeira chefiada por Domingos Jorge Velho e finalmente tiveram o seu principal denominado de Canidé, capturado e preso. Reconhecido pelos próprios representantes da coroa portuguesa como “rei dos Janduí”, a principal etnia em guerra contra os luso-brasileiros, viviam entre as capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande, totalizando aproximadamente, treze mil indígenas e destes cinco mil homens guerreiros de arco em punho. (PUNTONI, 2002:155).” (ibidem, p. 7).
Outro grupo de Tapuias eram os Ariús. Além deles os Panatís, que habitaram às margens do Rio Piranhas.
LOPES, Fátima Martins. Índios, colonos e missionários na colonização da capitania do Rio Grande do Norte. Mossoró: Fundação Guimarães Duque, 1999.
PIRES, Maria Idalina da Cruz. A guerra dos Bárbaros. Resistência e conflitos no nordeste colonial. Recife: UFPE, 2002.
POMPEU SOBRINHO, Thomaz. Os tapuias do Nordeste e a monografia de Elias Herckman. Revista do Instituto do Ceará, v. 48, 1934, p. 3-120.
PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros. Povos e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo: Hucitec/USP/ FAPESP, 2002.

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