segunda-feira, 4 de abril de 2011

Etnicamente só se pode falar de Ensaios de Humanidade

"Na verdade nunca houve humanidade... 
Nós estamos fazendo os ensaios do que será a humanidade... Nunca houve."
Milton Santos

Na reflexão sobre os Fundamentos Filosóficos de uma Historiografia Ancestral, pudemos ver com Paul Ricoeur como Husserl procura elaborar sua alternativa para o que ele à época chamava de Crise da Humanidade Européia e da Ciência Européia. É manifestamente curiosa essa expressão de Husserl. Nele certamente emerge a consciência daquilo que Milton Santos elaborou ao dizer que estamos apenas a fazer ensaios do que será a Humanidade. Isto é, não há uma Humanidade como um fenômeno universal. A Humanidade é um acontecimento étnico. É isso o que permitiu Husserl falar não de uma crise da humanidade universal, mas de uma crise da Humanidade Européia. A Humanidade se constitui assim: em ensaios históricos do que ela pode se propor a projetar para si mesma, etnicamente. A visão da Humanidade que emerge na consciência e na cultura de um povo é sempre um horizonte a ser assumido e projetado. Somente esse acontecimento pode constituir as diversas mobilizações da História da Humanidade. Aquele que pretenda pensar uma Historiografia Ancestral não pode deixar passar despercebido esse fato: a Humanidade não é um conceito universal, mas uma experiência singular!

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